segunda-feira, 19 de outubro de 2015

COMPREI...E AGORA? - (tema: Aparelhos)


Como ávidos consumidores que somos e com inúmeras publicações corroborando essa afirmação, sentimos muito prazer em comprar, em possuir um produto novo, em oferecer um novo recurso para nossos clientes, enfim, sentimo-nos gratificados e essa sensação é inerente à condição humana.

Entretanto, passado esse momento de grata felicidade, chegou o momento de colocar o aparelho em uso e é sobre isso que conversaremos aqui.

A utilização inicial de um recurso, comumente, vem acompanhada de dúvidas, desde menores questionamentos, como:
- o plugue do cabo de força encaixa na tomada? (geralmente não, rsrs)
- até as mais complexas – o tratamento ofertado terá demanda e, por conseguinte, rentabilidade?
Enfim, são situações naturais que vivenciamos nesse momento.

O que não podemos considerar natural é não termos as respostas para elas; quando isso ocorre, temos nossas dúvidas metamorfoseadas em problemas, e alguns bem sérios. Assim, o que era uma fonte de prazer e realização, torna-se um incômodo, desses que até nos privam do sono (opa... mais um problema) e que se não é solucionado apresentam um único caminho: aumentar.

Então, o que fazer?

Como primeira e principal sugestão, sugiro PLANEJAR. Pode parecer um exagero a elaboração de um planejamento para compra de aparelhos, mas, acredite, não é. Assim como tudo na vida, um planejamento bem elaborado e, principalmente, colocado em prática, traz inúmeros benefícios.

É o primeiro passo, sem ele todas as demais ações incidem em riscos e desapontamentos. Ele pode ser simples ou complexo, realizado de forma individual ou em equipe (melhores respostas), pode também ser curto ou extenso, etc., ele só não pode faltar em seu empreendimento. Existem muitas ferramentas de planejamento disponíveis como Canvas, Effectuation, Trevo, Análise SWOT, e todos eles muito úteis. Você pode também procurar ajuda em organismos de apoio como o Sebrae, Conselhos Profissionais, etc., que orientam, principalmente nesse início do negócio.

Como o assunto é bastante específico e analisando as principais dúvidas que colhi nesses 20 e poucos anos de eletroterapia, descrevo a seguir, um cronograma que pode (e deve) ser utilizado para a elaboração do seu planejamento.

1 - Qual(is) aparelho(s) preciso para iniciar?

Essa é uma dúvida muito comum e possivelmente você já se fez essa pergunta. Ora, se é tão comum, porque ainda a ouvimos diariamente de profissionais inserindo-se no mercado?

Simples, porque não existe uma resposta única, ela depende de muitos fatores, como:
- área de atuação: corporal, facial ou ambas?
- conhecimento: eu sei usar esse aparelho?
- investimento: qual minha disponibilidade de recursos financeiros?
- regulamentação profissional: estou habilitada a usar esse aparelho?
- legalização: esse aparelho está liberado pelas agências reguladoras?
- rentabilidade: esse investimento se justifica?
- demanda de clientes: existe procura para esse tratamento?
Enfim, é uma lista não exaustiva de perguntas que precisam ser respondidas para uma aquisição segura e livre de arrependimentos.

2 – Quais tratamentos pretende oferecer?

Antes de decidir sobre qual, ou quais, aparelho comprar, decida quais tratamentos pretende oferecer inicialmente. Minha recomendação é a oferta de tratamentos em que tenha mais conhecimento e segurança para realizá-los. Não importa se ele é tradicional ou “do momento”, se você não domina o assunto, busque o conhecimento necessário para oferecê-lo. Acredite, seus clientes saberão que você não domina a técnica e podem associar essa inexperiência para os demais tratamentos que oferece, mesmo aqueles que você é expert.

Essa regra também vale para aparelhos que desconhece. Com a constante evolução tecnológica, é possível que encontre aparelhos indicados para o tratamento, mas que você nunca ouviu falar. Busque o conhecimento previamente à oferta dele para seus clientes.

3 - Preciso realmente ter algum aparelho?

Decidida sobre qual área (ou tratamentos) oferecer, analise quais são os aparelhos necessários, isto é, quais foram os aparelhos que utilizou em sua formação. Não se prenda a marcas, apenas ao recurso oferecido. Nessa avaliação, encontrará também, profissionais que não utilizam aparelhos e, se essa for sua decisão, verifique como eles atuam e se você possui o conhecimento e segurança para alcançar as mesmas respostas sem esse recurso.

É importante lembrar que a oferta de serviços, em regra geral, carece de mensuradores para avaliar a satisfação do cliente e muitas vezes, mesmo oferecendo o melhor de si, o cliente não retorna. Obviamente que nos tratamentos estéticos, o resultado é o principal termômetro para o cliente. De nada adianta você oferecer recursos, gentilezas e mimos, se o resultado não atingir, no mínimo, a expectativa do cliente. Entretanto, a inclusão de aparelhos nos tratamentos é entendida por muitos clientes como estritamente necessária, já que ele é leigo no assunto e pode trocar seus serviços por um concorrente que tenha esse recurso.

Parece papo de vendedor, mas imagine um mecânico avaliando um problema com seu carro. Ele liga o carro, ouve o motor funcionando e conclui de forma enfática que o problema é X e, portanto, trocará a peça Y. Você fica apreensiva pela forma como ele detectou o problema e resolve levar noutro, para confirmar. Nessa outra oficina, outro mecânico coloca seu carro num elevador apropriado e o suspende, com alguns cabos ele liga seu carro a um notebook e, em seguida, aciona o software DETECTOR AUTOMOTIVE PROBLEMS (nomenclatura meramente ilustrativa) que imprime um laudo descrevendo o problema e sugerindo a solução. Em qual você confiará?

4 - Ok, vou comprar, mas qual?

Após decidir quais tratamentos oferecer e quais são os aparelhos necessários, chegou o momento de pesquisá-los. Os pontos que devem ser elencados são:

- As grandezas técnicas: Potência, frequência, tensão, consumo, forma de emissão, indicações, apenas para citar algumas. Esse ponto é fundamental e, portanto dedique um bom tempo para isso. Cuidado para não confundir termos técnicos com nomenclaturas de marketing. Termos como HIPERMEGABLASTERTUDO é muito bonito, mas pode não atender às suas necessidades. Comparar as grandezas reais do aparelho, seja por catálogos, por manuais, solicitando informações do vendedor, é o que vai garantir que esteja comprando um produto que lhe atenda.
Um exemplo simples é verificar se a alimentação do aparelho é compatível com a tensão elétrica disponível no seu espaço. A maior incidência de consertos de aparelhos, no primeiro mês de uso, é originada por sobretensão, isto é, ligar o aparelho na tensão superior à indicada.

- Tamanho, peso e praticidade: verifique qual o espaço ele tomará na sala; se ele vem com carrinho ou se você possui móvel para acomodá-lo; se fizer homecare, veja se é de fácil transporte.

- Acessórios: verifique quais acessórios acompanham o aparelho e, principalmente, os necessários para o tratamento. Parece simples, mas é comum a oferta de aparelhos com valores mais baixos, mas quando adicionados os acessórios necessários, aumentam muito seu valor.

- Recursos adicionais: relacione os recursos extras que o aparelho oferece, além dos recursos básicos necessários. Pode ser outro tratamento, ou um alarme indicativo, etc. Esse parâmetro deve ser utilizado na comparação, depois de atendidos os parâmetros básicos.

- Tecnologia: atualmente os melhores aparelhos possuem tecnologia chamada SMD. É uma tecnologia de montagem que amplia o aproveitamento do circuito eletrônico, oferece mais recursos e maior durabilidade que as antigas montagens PTH. Outro detalhe (mais aparente) é a forma de operação através de telas touch screen (como os smartphones) e softwares intuitivos que facilitam o manuseio, além de garantir mais segurança nas aplicações.

- Garantia: verifique quanto tempo é oferecido na garantia do aparelho. Mas, cuidado, existem garantias de até 3 anos, mas apenas para alguns problemas mais simples e quando, por ventura, precisar dela, verá que não lhe atende.

- Design: talvez muitas profissionais não se atentem para a importância da apresentação do aparelho, mas ele faz muita diferença. Além de agradar aos seus olhos, já que você o usará diariamente, seus clientes também observam e aparelhos com apresentação muito simples não transmitem a mesma confiança para quem usa. Esse não deve ser o fator principal, obviamente, mas não pode ser descartado em sua decisão.

- ANVISA: a regulamentação obrigatória, isto é, o registro do aparelho na ANVISA não é uma mera regra que algumas empresas “espertas” tentam disseminar. Ela garante a segurança do paciente e principalmente do profissional que utiliza o aparelho, já que quaisquer intercorrências sérias no uso de um aparelho registrado, o fabricante é corresponsável e o profissional não responderá solitariamente no problema. Além disso, vender aparelho sem registro na ANVISA é crime, Lei Federal n. 9677/98, considerado como crime hediondo, sem direito a fiança, tamanho o risco envolvido. E tem mais, o profissional que adquire aparelhos sem registro poderá ser enquadrado como ativo de crime contra a saúde pública, conforme artigo 273 e 334 do código Penal. Não arrisque seu nome e seu trabalho por uma economia mínima que poderá comprometer toda sua carreira.

- Pós-venda:  com o advento da tecnologia as fronteiras praticamente inexistem nas relações comerciais, a exceção talvez seja a regulamentação obrigatória, conforme descrevemos anteriormente. As compras pela internet crescem num ritmo acelerado e em nosso segmento não é diferente, ampliando a concorrência e a oferta ao consumidor, devemos apenas tomar alguns cuidados:
- Pesquisar a idoneidade da empresa é um deles. Verifique em sites de defesa do consumidor, com colegas nas redes sociais e, se puder, converse com quem já comprou.
- Verificar o conhecimento da empresa no produto em questão é fundamental. Evite comprar de empresas que não dominam, profundamente, os recursos do aparelho, apenas oferecem preços menores. Em muito pouco tempo, o “preço menor” mostrar-se-á muito acima do que imaginou, pois não encontrará o apoio e informações necessárias para a utilização plena do produto e deixará de ganhar muito, além de ter que gastar com treinamentos adicionais para o uso.

5 – Meu aparelho chegou...iupiiiii!!!!

Após dias de ansiedade você recebe seus aparelhos. É um momento bem especial, aproveite. Essa experiência de desembalar o aparelho, separar os acessórios, colocar sobre o móvel e local escolhidos (em alguns casos, em montar o rack) é muito gratificante e mais ainda se ela foi planejada, conforme citamos. Tire uma foto e mostre a seus clientes e amigos.

O próximo passo, antes mesmo de ligar na tomada é a leitura do manual. Sei que alguns manuais são sofríveis, cheios de “legal, obrigado pela preferência” ou “você agora é integrante da família X”, mas após as confraternizações você percebe que as instruções são confusas, não são citados os princípios de funcionamento do aparelho e, ainda pior, alguns manuais tem apenas 3 ou 4 páginas (sinceramente, nesse caso eu devolveria, pois a empresa que faz isso tem uma imensa probabilidade de nem saber o que está fabricando).

E mesmo assim, com todos os poréns, recomendo a leitura. Leia o princípio de funcionamento; leia as instruções para instalação, armazenamento e limpeza; o modo de operação; se há necessidade de consumíveis e quais os indicados; e se ainda assim não estiver segura, contate o local de compra (olha aí a necessidade de comprar numa empresa que domina o assunto) e tire as dúvidas para aproveitar ao máximo a sua compra.

Outras dúvidas surgirão, é natural, e deve sempre eliminá-las, mas essa etapa de conhecimento inicial é fundamental.

E aí, você gostou das sugestões? Faltou alguma informação?

Deixe seu comentário... vamos aprender juntos.


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