O Brasil, há alguns anos,
descobriu a importância de planejamento estratégico para o sucesso de suas
empresas. Desde uma pequena banca numa feira até as grandes corporações, sem um
planejamento estratégico correto, nada acontece, ou pior, acontece a falência da
empresa. Esse tema é bem amplo e recomendo à todos que desejam salvaguardar
seus negócios, ou àqueles que pretendem abrir um negócio, a buscar maiores
informações à respeito.
Utilizei essa pequena
introdução para comentar sobre o desenvolvimento de produtos e serviços e suas
características para o sucesso. É importante destacar aqui os “serviços”, por 2
motivos principais: o primeiro é a minha proximidade profissional com clínicas
que prestam serviços estéticos e de saúde, já que atuo como fornecedor de
produtos para esse público; o segundo é que, na maioria das vezes, muitos
pensam que os serviços não demandam planejamento prévio.
Para aprimorar meus
comentários sugiro um exercício simples, a inversão de papéis com seus
clientes. Se estiverem decidindo sobre um tratamento estético, em linhas
gerais, você espera que a profissional ofereça:
- uma boa apresentação e
higiene, dela e do espaço;
- uma boa anamnese;
- o melhor tratamento para sua
necessidade;
- o conhecimento das técnicas
e dos produtos que utilizará;
- um horário que lhe agrade e cumpri-lo;
- um produto home care de
qualidade e acessível;
- condições de pagamento
compatíveis com suas possibilidades;
- o acompanhamento ao tratamento
e às suas expectativas;
Enfim, poderia listar outros
pontos sensíveis nessa relação comercial, mas esses já demonstram a necessidade
dessa profissional realizar um planejamento, que agregue aos serviços, as
necessidades e desejos elencados.
O planejamento no desenvolvimento
de produtos/serviços deve seguir algumas etapas fundamentais, vamos à elas:
1 – Informações
A primeira delas é o
levantamento de informações, interna e externamente. As informações internas
demonstram a estrutura da empresa, sua capacidade financeira, a competência da
equipe e sua qualificação, entre outras informações.
Já o levantamento de
informações externas, as pesquisas são indispensáveis. Com elas é possível conhecer
a distribuição demográfica, cultural e as necessidades dos clientes, conhecer
em detalhes a concorrência, identificar os melhores insumos, matérias-primas,
produtos e/ou técnicas que pretende agregar ao seu produto/serviço, as regulamentações
técnicas, as legislações, etc.
Dicas: Alguns organismos
disponibilizam informações de mercado de forma gratuita. Procure informações
com o Sebrae, Senac, Associações Comercias e até algumas faculdades.
Muito cuidado com as
informações obtidas pela internet, verifique as fontes e as datas de publicação
de quaisquer dados pesquisados.
2 – Análise Crítica
De posse das informações, esse
é o momento de analisar seus resultados e conhecer os pontos fortes e fracos da
empresa, assim como, as oportunidades e ameaças do mercado. Geralmente essa
etapa não é uma das melhores, pois é necessário muito senso crítico para
avaliar quais os verdadeiros pontos fortes e onde precisamos melhorar (pontos
fracos). Nas questões objetivas e factuais, a análise é direta e simples, o
problema situa-se nas questões subjetivas. Somos humanos e, portanto, parciais.
Acreditamos que somos mais fortes que realmente somos e que temos menos
fraquezas do realmente temos. Numa análise pessoal esse resultado é diluído e,
salvo exceções, não compromete. Contudo, nos negócios análises parciais poderão
ser fatais.
Dicas: Peça opinião de mais
pessoas sobre seus pontos fortes e fracos. Podem ser vizinhos, amigos,
professores, profissionais de outras áreas. Peça para que eles sejam o mais
sincero possível.
Você encontrará obstáculos. Se
isso não fosse um fato, nem seria necessário esse levantamento. Contudo, não
desista por isso. Você pode adiar sua ideia por mais um tempo, usar a
criatividade para adequá-la ao problema encontrado, deve buscar ajuda, enfim,
só não vale desistir.
3 – Definição de objetivos
A melhor definição de
objetivos é destacar aqueles que sejam desafiadores, mas simultaneamente
quantitativos e qualitativos. De nada adianta o desenvolvimento de um produto/serviço
se não estabelecer quão sucesso ele trará à você. Pode ser em número de vendas,
em rentabilidade, em nível de satisfação dos clientes, etc.
Dicas: Todo objetivo deve ser mensurado
num período de tempo que varia conforme a complexidade do desenvolvimento. Em
desenvolvimento de longo prazo é possível a definição do período em anos, mas
nesse caso, estabeleça metas intermediárias e com prazos menores. É mais fácil mensurá-los
e realizá-los.
4 – Definição das estratégias
Esse momento deve ser coerente
com todas as etapas anteriores. Você chegou até aqui, portanto, não defina
estratégias que concluirão em produtos/serviços menor que as expectativas dos
clientes e/ou o que sua concorrência já oferece.
Dicas: Oferecer mais que a
concorrência não significa, necessariamente, produtos/serviços maiores,
melhores, com mais tecnologia, etc. Oferecer mais que a concorrência é
fundamental no desenvolvimento das estratégias de um produto/serviço, contudo,
podem ser desenvolvidos produtos/serviços idênticos, mas com preços mais
competitivos, ou com menor prazo de entrega, ou mais adequado aos horários que
os clientes desejam...enfim, o objetivo é diferenciar.
5 – Plano de ação
As estratégias definidas devem
ser comunicadas em procedimentos e/ou instruções claras. Defina o que fazer, como,
quando e quem será o responsável. É o momento de definição de quanto custará o todo
e, se possível, cada etapa.
Dicas: Elabore um cronograma
com as atividades, as datas, os responsáveis e objetivos. Defina um gestor do
projeto, o famoso “pai da criança”. Ele deve acompanhar as etapas e ser um
facilitador para o desenvolvimento.
Muitas vezes optamos por um
gestor com competência técnica, com profundo conhecimento do produto/serviço desejado,
mas é fundamental que esse profissional tenha visão macro e responsabilidade
não só com o produto, mas também saiba administrar e obter resultados dos participantes,
acompanhar os custos e cumprir as datas programadas.
6 – Controle
Quando citei que as
estratégias devem ser mensuráveis, o principal motivo é o seu controle. Estratégias
bem definidas e mensuráveis, mais rápidos e objetivos são seus controles.
Você deve conferir se as ações
estão sendo executadas conforme o planejado, monitorar o desempenho da equipe e
do projeto, analisar as informações e agir imediatamente em possíveis correções
de rumo.
Dicas: Infelizmente é possível
o que relatarei. O controle serve para verificação e possíveis correções, mas,
além disso, ele também pode apresentar um problema maior, complexo e de alto
valor financeiro. Seja crítico nesse momento e avalie, inclusive, a
descontinuidade do desenvolvimento.
Todos já ouvimos, em algum
momento de nossa vida profissional, a famosa frase do filósofo Heráclito: “Tudo
é permanente, exceto a mudança”; e, particularmente, acredito nessa afirmação, assim,
se um produto/serviço, existente há décadas, não sofreu mudanças e ainda faz muito
sucesso, provavelmente seu desenvolvimento ocorreu num nível máximo de excelência
em todas as etapas descritas, que proporcionou nenhuma ou mínimas mudanças em
seu tempo de existência. Falo, nesse caso, do Yakult, que teve em seu
desenvolvimento uma visão vanguardista e a excelência máxima. Desde 1935 ele
permanece como foi lançado e foi considerado uma das bebidas mais consumidas do
século XX.
Finalizo, afirmando que o
tempo despendido num planejamento estratégico de qualidade para o
desenvolvimento de um produto/serviço, será infinitamente mais econômico que
quaisquer minutos dedicados para possíveis correções.
Até a próxima publicação.
Abs
Abs